Existe uma igreja melhor que outra?

Participava de uma reunião de escola dominical, por ocasião de um convite, quanto alguém me dirigiu tal pergunta já no fim da aula, ou seja, sem tempo para tal resposta, pois o professor já estava atrasado quase dez minutos. Até mesmo porque quem perguntou já saiu dando uma resposta. Tal resposta só pode ser dada a luz do que Jesus respondeu: aquele que quiser ser o maior (ou melhor) entre vós seja aquele que vos sirva.
Então é simples. Se uma igreja instituição se vangloria de ser a melhor que sirva as demais instituições, senão a sua presunção não passa de soberba e hipocrisia. Se alguém se vangloria de ser alguma coisa que sirva aos demais irmãos, senão a sua presunção de ser alguma coisa não passará de pura soberba e hipocrisia, de ser o que não se é, pois não serve aos demais.
Esse diagnostico é simples de fazer. Não poucos se vangloriam de suas instituições dizendo serem elas as melhores em virtude disso ou daquilo. Ou por terem um milagreiro de plantão, um preletor avivado, um louvor empolgante ou uma oração forte que quebre maldições e traga prosperidade material.
Tal presunção humana é animal. Um diz: Ora eu não conheço igreja melhor que esta! Exclamam alguns. Se
você sair daqui não achará igreja igual! Diz um outro. Duvido que aja igreja que faça o que se faz aqui. Retruca outro. Bom se tudo isso não serve ao evangelho de Jesus é pura presunção humana. E não serve ao evangelho a partir do momento que se faz apenas para ser um diferencial entre outros, sejam pessoas ou instituições. No evangelho de Jesus a mão direita não vê o que faz a esquerda. Mas tem gente que gosta de fazer as suas altas orações nas praças-púlpitos a vim de serem vistos pelos homens. De certo os homens vêem e se gloriam juntos de tais presunções, mas os Olhos de Deus não contemplam tais atitudes impregnadas de egoísmo competitivo, ainda que sejam feitas em nome de Deus. Deus nada tem a ver com isso, pois tal presunção é pecado e Deus não peca.
A Igreja de Jesus é um corpo e em um corpo um membro não pode se vangloriar do que se é. Cada um tem lá a sua função. E como existem funções orgânicas no corpo humano das quais não damos conta, como as que acontecem no interior das células em suas muitas reações químicas; assim também no Corpo de Cristo. Existem muitas coisas sendo feitas sem que ninguém saiba que se faz, que não vêem a tona, mas que são tão importantes como aquelas que são feitas e vistas por outros.
No corpo humano cada função desempenhada, cada reação química, cada combate a certos intrusos, cada comando cerebral visa a todo instante que o corpo por inteiro seja beneficiado como um todo. Um membro não se levanta contra o outro, antes todos os órgãos trabalham juntos para o bem comum do corpo. Imagine se o braço se vangloriar de ser braço por poder pegar, escrever, tocar e não querer a ajuda das pernas e se as pernas não desejarem mais levar os braços a lugar algum. O fim será um grande colapso corporal. Pois um abismo chama outro abismo. Logo haverá uma grande rebelião generalizada. Cada órgão fazendo o que tem que fazer e se vangloriando do que faz. O corpo então deixa assim de ser o que se esperava: um organismo organizado de tal forma a funcionar para o bem de todo o corpo.
Assim igrejas tem funcionado, por causa de sua presunção de ser, de maneira rebelde ao Corpo de Cristo, se vangloriando por causa de seus dons e talentos. Se achando a melhor das melhores. Pessoas por causa de suas funções chamam para si mesmas uma atenção que não lhes é devida e sim a Cristo. E não poucos usam de tais funções para aterrorizar outros membros.
Por isso que há esse colapso generalizado na igreja. Enquanto uns se acharem melhores do que outros, o corpo estará dividido, e se divide cada dia mais ao aceitar a entrada de corpos estranhos. Ensinos de homens que em nada contribuem para a união do corpo, mas que vivem criando anormalidades que deformam o ser-corpo-organismo, criando uma anomalia cibernética, metade corpo e outra estranha, robótica, que faz tudo de maneira comandada, sem reflexão, sem alma, sem amor, e que se vangloria de fazer melhor e mais preciso e de alcançar resultados melhores.
Oxalá os que assim procedem parassem de fazê-lo. Paulo aconselhou que se mutilassem os tais. Se eles enxergassem o mal que tem criado, esse monstro cibernético de presunções humanas e que envenena a alma das pessoas, pois todos passam a se achar alguma coisa e não sendo em função de não servirem ao corpo como um todo, não passam de presunção, soberba e vangloria de ser o que não se é. Acabam tornando-se juízes dos homens e sendo julgados na mesma medida com que julgam.
As figueiras dão frutos antes das folhas, então espera-se encontrar frutos em uma figueira cheia de folhas. Figueiras cheias de folhas, anunciando estarem cheias de frutos, mas quando se chega perto percebe-se a sua infrutuosidade, e daí Jesus ter amaldiçoado a figueira. É proibido ser o que não se é, ainda que não seja o que os outros esperam.
Assim a resposta é não. Não existe ninguém melhor nem instituição melhor. Existem aqueles e aquelas que servem ao Reino de Deus e os que não servem.
Quem quiser ser o melhor que sirva aos seus irmãos em amor, sustentando os fracos, levantando os caídos, estendendo a mão aos necessitados, ao invés de os chamarem para discutir opiniões e questões que nada contribuem para o Reino de Deus. Que parem com suas ameaças de morte e passem a amar. Que reflitam sobre o sermão da montanha e julguem-se a si mesmos e verão que são tão pecadores quanto os demais homens.
Quem quiser ser o melhor ou se vangloriar de ter a melhor igreja que sirva ao Corpo de Cristo ao invés de viver de falácia e presunção de ser.

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