Dois lados de uma mesma moeda.


Hoje ouvi a citação do texto do cego curado por Jesus em João 9:2 em duas ocasiões.

Na primeira em uma reunião matinal. O texto foi usado para embasar uma chamada para um encontro de homens, e o argumento foi de que não podemos deixar as oportunidades passarem (o encontro de homens) sob a possibilidade de um dia não termos condições de participar de tais eventos devido a problemas que nos impeçam de fazê-lo. Algo do tipo não adianta chorar depois pelo leite derramado. Um tipo de chantagem para forçar a ida ao evento.

A segunda vez que ouvi a mesma citação foi em uma reunião a noite, onde sobre o mesmo texto, foi feita uma reflexão sob a situação do cego e suas implicações em nossas vidas. Ou seja, o homem era cego, foi curado por Jesus, sua cura foi questionada pelos seus amigos, pelos judeus, fariseus e até mesmo seus pais se omitiram a respeito do fato dele ter sido cego e estar curado. Uns não acreditavam na cura, outros que nem mesmo ele tivesse sido cego de fato, outros preferiram se omitir para não ficar mal diante de outros.

Na primeira vez que ouvi a citação, ficou evidente para mim o uso do evangelho como instrumento de culpa para atrair ouvintes para o tal encontro de homens. Uma pena que o evangelho ainda seja lido com as lentes da Lei de Moises, afim de levar as pessoas a fazerem isso ou aquilo, como forma de agradar a Deus, podendo assim garantir que o tal encontro esteja cheio, contribuindo para o sucesso do evento.

Eu seguramente prefiro a segunda citação que ouvi a noite e a reflexão que nos foi posta. O cego pode ser qualquer um de nós, que um dia teve os olhos abertos pela fé em Jesus. Que fomos incompreendidos pelos nossos amigos, vizinhos, pais, irmãos na fé, expulsos de tais ciclos de amizades (existem muitas formas de fazê-lo) por simplesmente não sermos mais compreendidos pelo simples fato de Deus em Cristo ter nos curado, ainda que tal cura não seja considerada por aqueles que vivam ao nosso redor.

É isso que ainda me deixa perplexo, mas não me perturba, ao ver que a religião que se considerada oficial queira determinar o que seja a mão de Deus ou não. Assim não se reconhece o bem que não possa ser atestado, não por Deus, mas pelos homens desta ou daquela religião, como se Deus necessitasse de tais oficiais de cartório religioso.

Mas sabe de uma coisa sigo como o ex-cego, curado dessa falta de sensibilidade, de um evangelho que é usado para justificar as mais lindas finalidades, mas que perde o seu foco na própria proposta do evangelho de Jesus, que apenas diz: vinde a mim como estás e eu(Jesus) vos aliviarei.

Um comentário:

Délio Visterine disse...

Mas que fique claro, o evangelho é "uma moeda" de um lado só.