Faça por merecer: A teologia do mérito

Acabo de assistir o vídeo Faça por merecer - Marcelo Quintela e fico pensando o que a cristandade tem feito com o evangelho de Jesus. O vídeo mostra uma parte do filme "O Resgate do Soldado Ryan", onde um agrupamento de soldados é designado para em plena guerra mundial resgatar o soldado Ryan, único filho sobrevivente da guerra de uma família de três irmãos, mais adiante no mesmo vídeo um trecho do longa de Mel Gibson "A Paixão de Cristo" onde mostra a cena final da crucificação de Jesus, onde proporcionalmente a frase "em Tuas Mãos entrego o meu espírito" é trocada por "Faça por merecer...".


Ora lembro-me de meus primeiros passos na fé e de como isso era tão claro. A todo o instante as pessoas eram massacradas pela "graça insaciável" dos religiosos e de como isso me fez muito mal. Como bem diz o Marcelo Quintela no vídeo, é tudo muito bonito. As pessoas se convertiam e depois tinham que aceitar o pacote da igreja para merecerem a salvação. Daí as pessoas viverem em muitos pólos, ora salvas, ora perdidas, ora amadas por Deus, ora perseguidas, ora completas, ora com a incrível sensação de que faltava algo e ter que fazer mil coisas para ver se Deus dava pelo menos uma piscadinha para elas. Era uma sensação que massacrava agente por dentro levando alguns a beira do fanatismo.

Porém algumas experiências minhas em noites de dor e choro me davam pistas de que Deus não tinha nada haver com isso, apesar de muitos darem a ele o crédito. Diziam: "É para o seu crescimento espiritual" e coisas semelhantes. Mas por algumas vezes via a mão de Deus dizendo o contrário, Deus estava comigo e aquilo nada tinha a ver com Ele. Mas era tamanha a confusão criada em minha mente que me era difícil processar o Amor de Deus. O legalismo parecia ser o caminho mais apropriado a seguir e através do sacrifício próprio, afinal a salvação pela graça era só o começo o resto do processo tinha que ser sacrificial.

Foram praticamente catorze anos, entre 1992 e 2006, quando este processo teve fim e a graça de Deus começou a se aperfeiçoar em mim. Meu caminho na graça ainda é longo, há certos vícios religiosos que precisam ser vencidos no dia a dia e virtudes que precisam ser restauradas. Mas tudo sem pânico e medo de Deus ou do inferno como me faziam pensar.

Sei que Deus é bom e que ajuda ao necessitado e que nada de bom que possamos fazer pode comprar nossa entrada nas mansões celestiais. Que seja tudo fruto de sua graça em nós para que não sejamos pegos como a figueira sem fruto, mas toda ornamentada com folhas, mas sem fruto algum a oferecer.

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