Bem, o apostolo Paulo passou por isso. Tinha um espinho na carne, que ninguém sabe o que era a não ser um monte de teólogos que ficam teo-paulizando para revelar qual era o tal espinho, o que pouco ou nada importa, mas que o incomodava e muito. Pediu a Deus que o livrasse do tal espinho por três vezes e a sentença foi: petição negada.
Se Deus tivesse parado por ai mesmo, ficaria a idéia de um Deus que não está nem ai para o sofrimento alheio. Se o próprio Deus não completasse o diálogo, seria taxado como um Deus insensível.
Porém ainda lhe disse o Senhor: Paulo minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.
Agora se Deus não tivesse declarado isso, o que poderíamos pensar nós acerca de Paulo, com todas as explicações que temos e costumamos dar:
1. Que ele estava em pecado e que deveria participar mais do culto de santificação.
2. Que esperasse, pois a vitória viria. Talvez até em tom de “profecia” ou algo do tipo: RECEBA a benção irmão.
3. Que Paulo não tinha fé. Que tinha que crer mais. Olha e como dói ouvir isso. Acaba gerando um sentimento de falta de fé maior do que uma possível e real falta de fé.
4. Que era homem de coração duro. Que tinha que se quebrantar mais na presença de Deus.
5. Que Deus sabe de todas as coisas, como quem não tem nada a dizer, por que neste caso não teria mesmo.
6. Que viria um pregador abençoadísimo, e que este o abençoaria e o curaria.
7. Quem sabe estivesse desviado, se afastado dos caminhos do Senhor e que devia voltar. Um solene: VOLTE ao primeiro amor.
8. Talvez orássemos com ele, por ele, até com imposição de mãos e óleo ungido, mas sempre com a expectativa da cura e não da graça que abraça com cura ou não, mas que cura mesmo assim.
9. Que precisava orar mais, jejuar mais, ler mais a bíblia, bla, bla, bla, etc., etc., etc. Criando sentimentos de culpa terríveis na alma.
Sejamos sinceros. Não é isso que costumamos dizer ou pensar querendo teologizar o fracasso, a dor e o sofrimento dos homens, dos outros é claro, o nosso nunca. Mais fácil culpar o Diabo.
Daí vemos como a nossa visão é mesquinha com relação ao Reino de Deus e sua vontade.
Quem poderia sinceramente pensar em graça de Deus em uma situação como essa? No mínimo essa graça poderia agraciá-lo com um favor imerecido de libertação do mal que Paulo sofria, poderia pensar alguém.
Porém para Deus já era graça Paulo ter um espinho na carne, uma vez que resultaria em mais graça ainda ao fortalecê-lo por meio desta fraqueza.
No fundo, depende dos olhos de quem vê. Deus não vê como nós.
O que era uma desgraça para Paulo e para nós, era graça-ajuda de Deus para Paulo. A graça de Deus revelou um amor imenso de Deus pela vida de Paulo.
Nossa visão do Reino é muito limitada e religiosa ainda.
A única forma de vivermos é crendo que, mesmo que as coisas não aconteçam conforme o desejo de nossos corações, é que Deus em sua infinita graça nos ama e que sua graça em nós opera em tudo para o nosso bem, fazendo uso até daquilo que para nós seja uma desgraça, para que Seu poder em nos se aperfeiçoe.
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